Oráculo

Coração Xamânico

Oráculo com 54 cartas e livro guia com 270 páginas

Coração Xamânico é uma atitude interior de gratidão, a expressão mais clara das percepções reconhecidas em diferentes estados de consciência, uma metáfora para os arquétipos de nossas vidas. Por meio dele reconhecemos nossas experiências individuais e as aproximamos do mistério da vida, concebemos a força e a energia que sustentam o mundo e nos identificamos com o Universo. Ele é imagem, palavra, vibração, cores e formas que manifestam as inúmeras dimensões de uma única existência ou as muitas vidas de um só alguém. A eternidade de todas essas vidas não pertence à natureza do tempo, ela é o agora, o presente que não repete o passado e tampouco cria expectativas pelo futuro, uma dimensão de consciência do ser, a eternidade de nosso Eu Interior.

Conheça as cartas

Estamos todos conectados

No oráculo todas as cartas estão interligadas, por exemplo, as cartas do Sol (carta 7), da Lua (carta 8) e da União Mística (carta 52).

O Sol é a plenitude da transformação alquímica, a polaridade masculina da Lua. Na carta ele surge como se estivesse prestes a se levantar, é o Sol nascente, a energia da inspiração na iminência de sua caminhada (carta 45). Da mesma forma a carta de Lua simboliza a energia feminina do Sol, os domínios de noite aguardam o poente para liberar os mistérios noturnos (carta 40). Ela comanda os ciclos que se alternam, emoções e sentimentos, evolução e transformação, nascimento e renascimento (carta 22).
E ao centro encontramos o casal cósmico em sua dança de União Mística, a força que equilibra a intuição. Eles dançam sobre a luz do Grande Espírito (carta 1) e desenham no cosmos a espiral sagrada (carta 49) ecoando em seus corpos o som primordial do universo (carta 54). O profundo azul da noite acolhe a danca do Sol, enquanto a Lua envolta pelas cores do dia o sustenta.
De tempos em tempos a União Mística acontece e as Crianças da Terra (carta 44) assistem ao encontro que alimenta inspirações, eclipses solares e lunares, a integração (carta 50) são breves instantes em que a Mãe Terra (carta 2) alinha sua órbita e permite o encontro do casal cósmico que celebra os votos de totalidade do início dos tempos (carta 51).

Sobre a interpretação

O autoconhecimento é a razão primordial das cartas que falam diretamente ao espírito daquele que viaja pelo universo de Coração Xamânico. As mensagens do oráculo possuem inúmeras faces e a interpretação dependerá de cada situação abordada. Cada um de nós traz dentro de si o sagrado e muitas vezes o projetamos para fora de nós, em uma tentativa de interpretarmos os mistérios de nossas próprias vidas. A experiência do sublime está ao alcance de todos, a terra prometida é alcançada por meio do autoconhecimento que transcende nossas profundezas e nos eleva para o divino. Com o tempo, você poderá desenvolver seu próprio sistema de leitura baseado em suas vivências e, principalmente, em sua intuição. Não há a intenção de estabelecer verdades, uma vez que elas são compostas de múltiplos pontos de vista e entendimentos, mas sim de apresentar uma forma de você encontrar a expressão de sua própria autenticidade orientada aos saberes universais.

Textos complementares

O Universo se manifesta de diferentes maneiras para o xamã, viagens no tempo e visitas aos mundos espirituais integram a mesma realidade da vida cotidiana. A dimensão humana e a espiritual estão profundamente interligadas, pulsando no eterno fluxo da vida. A visão do xamã está na pluralidade de encontros com seres que habitam mitologias, na cosmologia que explica o funcionamento do Universo, na antropologia das culturas e na psicologia das emoções. São múltiplas vozes que ultrapassam os limites geográficos dos saberes e encontram representação nos mais diversos povos.
O xamanismo é a espiritualidade primordial que chega até nossos dias e reflete a essência da criação, nos permitindo ter acesso a uma grande variedade de pensamentos que traduzem e unificam modernas ideologias e saberes tradicionais. Tudo está interligado, o espírito do xamã compreende a natureza como uma grande família universal. Todos os seres viventes são obras-primas da Essência Universal, continuamente escritas e reescritas pela natureza. O xamanismo não trata de um conjunto de ritos específicos, muito menos há um mestre superior ou um livro sagrado, suas práticas dependem da região onde acontecem e desenvolvem-se por aptidões intuitivas que buscam a cura, portanto, o xamã não é um santo, muito menos um profeta. Ele é o intermediário entre a dimensão humana e a espiritual simplesmente porque as reconhece como unidade, pois a conexão com o sagrado está permanentemente ativa.
O xamanismo se concentra nos ritmos circadianos, nos ciclos da natureza, nas polaridades eletromagnéticas que traduzem princípios masculinos e femininos, no nascimento e morte dos seres, no contato pessoal com as energias da terra, do sol, da lua e das estrelas. O xamã é aquele que passou pela noite escura da alma narrada pelo poeta e místico João da Cruz, contemporâneo de Teresa D’Ávila, a religiosa que acreditava na busca por um Deus dentro de si e dos outros. Depois de vencer a solidão e as doenças, o xamã se torna o curador ferido, como o centauro Quíron golpeado pela flecha de Hércules e transformado em constelação por Zeus. A expansão da consciência é uma das práticas espirituais mais antigas da humanidade e base do xamanismo. É o êxtase narrado por Mircea Eliade, o Nirvana, o Samadhi, o estado alfa, a consciência cósmica, ou o Nagual, como fala Castañeda. Por meio desses estados, o xamã aprende a sentir e a ouvir os mistérios mais profundos que permitem a interpretação do sagrado em seu próprio coração.
Nos rituais xamânicos, diferentemente do que apontam as grandes religiões, que definem uma vida eterna fora da terra, o espaço sagrado é este em que vivemos, somos filhos da Mãe Terra e parte de algo maior, um microcosmo que não está isolado da Essência Universal. Ao viver cada momento como sagrado, reconhecemos que estamos todos interligados e podemos fazer escolhas que permitem mudanças em nosso mundo. Apesar de comumente estarem associadas aos povos indígenas, as práticas xamânicas não são propriedade de nenhum povo. Seu conhecimento está disponível para todo aquele que ouvir o chamado, é uma escola de mistérios que precisa ser honrada por meio de ações responsáveis. O xamanismo só pode ser conhecido se experimentado, é uma forma de sensibilização de teor religioso, apesar de não ser uma religião. Todos os seres vivos contribuem igualitariamente para o equilíbrio da vida, pois a busca pelo autoconhecimento traz a cura para o homem e, consequentemente, para os seres que estão ao seu redor. 
A arte nos dias atuais é uma forma de linguagem xamânica capaz de manipular símbolos e criar mudanças de consciência. Os xamãs do mundo contemporâneo também são os artistas que se comunicam com planos sutis e apresentam às pessoas o resultado de visões que alcançam os mistérios do Universo. Para o artista não há separação entre razão e emoção. O real e o imaginário convivem em sua arte e são capazes de tocar as emoções mais profundas. A linguagem artística manifesta as percepções do Universo sem a necessidade de classificá-las como ilusão ou realidade. O xamã cura o espírito por meio de cantos, orações e viagens a outros planos; já o artista-xamã fala ao espírito de quem vê sua obra por meio das sensações que causa, elas trazem à consciência a conexão com o Eu Interior.
Por fim, o xamanismo abrange os cultos ancestrais e os modernos, os extensos espaços entre as estrelas e a vastidão interna dos pensamentos. O xamanismo é de todos os homens, de todas as épocas e de todos os lugares, e o xamã é aquele capaz de acessar o oculto e traduzir suas percepções para as pessoas, pois sempre haverá a experiência do sagrado permeando os assombros e os encantamentos diante da imensidão do Universo.

*O xamanismo é uma forma singular de sensibilização espiritual que encontra manifestação em diferentes tempos e lugares. Ele se aproxima do animismo, a semente das religiões, cuja forma de pensar estabelece uma relação de respeito com todos os seres: toda vida é sagrada e emana da mesma substância e dos mesmos elementos presentes em todo o Universo. O xamanismo é usado muitas vezes se referindo ao animismo, uma vez que ele é uma prática presente em culturas de crenças animistas. Nesse sentido, ele se aproxima do monismo espiritualista encontrado no Tao chinês e nos textos hindus que falam sobre a essência bramânica. Aproxima-se do conceito unicista defendido por Giordano Bruno e sua crença na existência de um Deus infinito presente na própria criação, que torna divina toda a natureza. E também encontra reflexos no pensamento do filósofo Spinoza, que acredita haver uma única substância no Universo de onde todas as coisas constituem modificações. Se por um lado o xamanismo, como manifestação de experiências espirituais, aproxima-se do pensamento desses filósofos, ele se distancia do dualismo proposto por Descartes, considerado o fundador da filosofia moderna, que admite a existência de duas entidades independentes na criação: espírito e matéria, corpo e mente. Coração Xamânico caminha no sentido da unidade entre as dimensões humana e espiritual, tratando a integração de suas manifestações como caminho para o autoconhecimento.

Quantos rios cruzaremos até encontrarmos nosso caminho? Um filósofo, também conhecido como Obscuro, dizia que não podemos atravessar o mesmo rio duas vezes. A água corrente sob nossos pés segue seu curso, contorna pedras, transforma-se em cachoeiras, deságua no mar, evapora, torna-se nuvem, viaja pelos céus com o vento, condensa-se, cai como chuva, alimenta as nascentes nas montanhas e, uma vez mais, dá forma ao rio. E uma vez mais nos encontramos imersos nas águas que viveram incontáveis experiências e, no entanto, já não são as mesmas, e nós também não. Sentimentos extravasados, emoções afloradas, medos, desejos e alegrias, conquistas, derrotas, sucessos e fracassos contam nossa história e, apesar de nossas imperfeições e limitações, somos capazes de grandiosidades.
Este livro retrata a apreensão do sentido vivo das pinturas que permitem explorar a sincronicidade dos acontecimentos, tanto internos quanto externos. Por meio de símbolos que reverberam no espaço e no tempo e revelam a interdependência de nossas relações, lançamos luz sobre a escuridão de nossa própria natureza. Coração Xamânico representa o que nos motiva a seguir em frente. Em sua atmosfera onírica, encontramos situações que traduzem sentimentos. Este é um livro vivo que encerra em si o conhecimento à espera de ser descoberto. Para muitos ele será claro como o dia e, para outros, obscuro como a noite; contudo, seu espírito segue continuamente desvelando-se, camada por camada, diante de nossa aproximação. 
Não importa onde nascemos, ou em qual caminho buscamos o autoconhecimento, a visão mítica guia nossos passos, conduz nosso coração desde que deixamos a Árvore da Vida. O ar está em nossos pensamentos, a água nas emoções, a terra em nossas raízes e o fogo em nosso coração representa a fornalha cósmica presente no núcleo das estrelas, onde são gerados os elementos da vida. A união desses aspectos simbólicos faz ecoar dentro de nós o som primordial do Universo e o mundo onírico das experiências xamânicas entra em ressonância com o cosmos. Manifestamos o sagrado que há em nós em ações diárias e não somente no êxtase divino dos rituais. Caminhamos na Espiral Sagrada que nos leva sempre ao início de tudo, com a diferença de estarmos um nível acima do ponto de partida, como o relato dos povos originários que prenuncia o reconhecimento do som primordial no coração dos homens. Por meio dele, nos reencontraremos com a natureza, com as pessoas e com o Universo. Reencontraremos nosso eu sagrado. Talvez seja este, afinal, o sentido do nome escolhido: Coração Xamânico é a condensação das águas de tantas experiências que chovem palavras e cores nas páginas e nas telas que ilustram esta obra.
O conhecimento humano transparece em todas as culturas, diferentes olhares estabelecem pontes que tentam explicar o que se revela nos mitos e crenças que impressionam vidas e criam o caminho do homem sagrado. Joseph Campbell criou pontes ao traduzir o conteúdo imaterial de tantos povos e apresentá-los como Máscaras de Deus, mostrando-nos que diversos aspectos da vida contemporânea precisam ser ritualizados e mitologizados, pois antigos mitos se alinham ao nosso sistema interior de crenças. Câmara Cascudo, em seu livro Geografia dos Mitos Indígenas, nos conta como os jesuítas criaram uma visão simplificada de Tupã que atendia aos anseios de assemelhá-lo ao Deus cristão, fazendo o mesmo com Jurupari ao compará-lo ao demônio. Por outro lado, Leon Cadogan, ao compilar e traduzir o Ayvu Rapyta, o canto da criação dos guaranis, abriu espaço para um entendimento mais amplo sobre a visão cosmológica de povos nativos e sua integração com a natureza, que é a base do xamanismo aqui abordado.
Por fim, Coração Xamânico é uma atitude interior de gratidão, a expressão mais clara das percepções reconhecidas em diferentes estados de consciência, uma metáfora para os arquétipos de nossas vidas. Por meio dele reconhecemos nossas experiências individuais e as aproximamos do mistério da vida, concebemos a força e a energia que sustentam o mundo e nos identificamos com o Universo. Ele é imagem, palavra, vibração, cores e formas que manifestam as inúmeras dimensões de uma única existência ou as muitas vidas de um só alguém. A eternidade de todas essas vidas não pertence à natureza do tempo, ela é o agora, o presente que não repete o passado e tampouco cria expectativas pelo futuro, uma dimensão de consciência do ser, a eternidade de nosso Eu Interior.
Que esta obra siga seu caminho beneficiando aqueles que ouvirem seu chamado. 

A relação sagrada com a Mãe Terra nasce das raízes que nos permitem sentir e estar em profunda conexão com todos os seres vivos. Eles nos acolheram quando aqui chegamos e desde então acompanham e ensinam nossas almas imortais e peregrinas da luz. A Mãe Terra representa uma das faces da Grande Deusa, que nos envolve com a esperança de que nossas conexões com a natureza se mantenham em constante movimento. A estagnação não faz parte das leis do Universo, portanto, não nos acomodemos com a falsa ilusão de que esta vida é tudo o que existe. Retiremos os véus de nossos olhos para enxergarmos a imensidão da criação e, então, sentirmos em nossos corações a centelha divina do amor universal. É preciso apenas uma faísca dessa centelha para acender a fornalha cósmica de nossa divindade.
Na Mãe Terra, tudo pulsa no ritmo da respiração do Grande Espírito. O planeta em que vivemos passou por inúmeras mudanças para evoluir conosco. Cada espécie de vida possui uma pulsação própria e suas vibrações podem ser tão lentas quanto longínquas órbitas estelares ou tão aceleradas quanto a velocidade dos fótons que atravessam a energia escura do Universo para trazer vislumbres da imensidão da qual fazemos parte. A obra da criação acontece a todo instante, renova-se em si mesma, e ainda que estejamos alheios ao que nos cerca, somos parte ativa de tudo o que existe.
Os ramos evolutivos trazem as explicações para as mutações de cada espécie, mudanças capazes de desenvolver raízes mais profundas e garantir a contínua caminhada. A essência que animou os corpos inicialmente embrutecidos veio diretamente do cosmos e os elementos que formaram esses corpos foram forjados no coração de supernovas que explodiram há bilhões de anos. Nossa existência baseada no elemento carbono é apenas uma entre tantas possibilidades que se desenrolam na imensa teia da criação. Somos recipientes sagrados ancorados por um instante no coração da Mãe que nos recebeu, nutriu e permitiu que nos multiplicássemos. O fato de muitos de nós desconhecerem os segredos da Essência Divina não nos impede de vivenciá-la.
A repetição dos fenômenos da natureza nos permitiu perceber a passagem do tempo, as estrelas falavam e nós ouvíamos, não estávamos mais sozinhos. O dia e a noite ganharam novos significados e, pouco a pouco, estendemos o conhecimento revelado, passando a reconhecer ciclos cada vez mais longos. Sucederam-se as estações e, com elas, os períodos de recolhimento, o tempo de plantar e colher, os solstícios e equinócios. Nos primeiros anos de nossa história, o mundo se apresentava como nossa casa e para cada astro e força da natureza, um deus nascia; infelizmente, em nossos simples pensamentos, permitimos que nascessem com as divindades a necessidade de agradá-las. Sacrifícios de sangue foram feitos, para tristeza da Mãe Terra, que acompanhava com pesar nossa luta contra as sombras da ignorância. 
Os primeiros deuses não passavam de projeções de medos de nossas sociedades primitivas, eles eram equivalentes aos sentimentos ainda não lapidados que aprendíamos a desenvolver. Com o tempo, sociedades matriarcais organizaram-se em torno de grandes deusas que nos revelaram sua face para que corajosamente afastássemos os véus que desciam sobre nossos olhos. O desejo de conquista e a falta de entendimento do que acontecia levou muitos de nós a criarem novos deuses, e assim a guerra e a dominação deram forma a divindades implacáveis que exigiam ainda mais sangue. Não há que se olhar para o passado de forma julgadora, evoluímos e escrevemos a própria história nos livros universais. Há quem diga que muito foi escrito, no entanto, nossa aventura como seres conscientes ocupa apenas algumas páginas na história de bilhões de anos do Universo que conhecemos. Os ciclos se repetem e velhos hábitos às vezes retornam, modos limitados de interpretar o mundo são tropeços na longa caminhada das inúmeras vidas que nos foram confiadas. Muitos são os caminhos que conduzem ao mesmo destino, vivemos a verdade de nossas escolhas, portanto, a cada um cabe um tempo único no entendimento dos mistérios da criação. 
Brilhantes mentes nasceram em diferentes épocas para funcionarem como bússolas morais que apontam para a complexa organização da vida. Personalidades mana, plenas de carisma, auxiliam-nos, transformam em palavras as impressões que a Essência Universal deixou em nossos corações. Novas dimensões são reconhecidas em teorias que vislumbram breves relances da espiritualidade. Tudo vive e respira em constante fluxo. O movimento que nos impulsiona para a luz é o autoconhecimento e não palavras antigas encerradas em seu próprio tempo. Deuses e orixás, mestres ascensos, potestades, anjos e serafins, jinns e consciências externas ganham novas cores nas mitologias modernas e revivem na fé a eles devotada, entretanto, perdem seu significado quando exprimem o desejo de se tornarem verdades absolutas sob domínio de determinada cultura. Nenhuma palavra é absoluta, o conhecimento precisa ser permanentemente reinterpretado à luz dos novos saberes, para que nos libertemos de pensamentos que permanecem estagnados. O movimento faz parte das leis universais e para que reconheçamos nosso lugar na criação, precisamos estar atentos aos avanços da espiritualidade, das artes, das ciências e de todas as formas de saberes.
Formamos laços familiares sobre a superfície do planeta, mas não nos enganemos acreditando que eles são os únicos existentes. A família cósmica é maior do que podemos imaginar. No Universo, os laços são formados por afinidades e não pelo líquido que corre em nossas veias. O sangue é o veículo da força vital que anima nossos corpos, porém ele é um pequenino traço dos laços universais. Em certas crenças, tendemos a imaginar que as sucessões de existências com as quais somos presenteados repetem-se continuamente em torno de um minúsculo círculo familiar, quando não em torno de uma única pessoa, acreditando dessa forma que o amor pode ser acondicionado em um simples invólucro. O laço de amor que nos envolve em uma vida não será desfeito, entretanto ele não se repetirá. Assim como o Universo observável é apenas um ponto entre outros universos, as vidas terrenas são inúmeras, como inúmeras são as essências que vibram em afinidade com cada um de nós. Criamos laços eternos dos quais os laços terrenos são meras sombras. Um reencontro sobre a Mãe Terra está além de explicações superficiais e só é possível quando abrimos os olhos para o mistério da criação e entendemos que tal encontro não está ligado a uma forma de expiação, e sim a uma escolha consciente de união para somarmos forças e auxiliarmos outros na caminhada em direção à evolução. 
Muitas vidas estão em cada um de nós. O passado repete-se a todo instante até o momento em que finalmente ouvimos a voz de nosso divino Eu Interior. Em nossas vivências no planeta Terra estão as ferramentas que necessitamos para avançar. Expressemo-nos livremente e exercitemos a crença que melhor nos representar. Respeito às tradições não significa imobilidade. Podemos dar voz à crença que escolhermos e encontrarmos conforto na presença de uma grande deusa, de um deus pai ou na forma de muitos deuses, de espíritos guardiães, anjos da guarda, animais de poder, ou na repetição de mantras e sutras. Entretanto, tenhamos em mente que tais formas de nos comunicarmos com a Essência Universal dizem respeito às raízes que escolhemos para apresentarmos nossas crenças ao mundo. Existem muitas outras formas além daquelas que conhecemos, inclusive modos de viver o divino que não estão ligados às raízes aqui desenvolvidas. 
Minhas palavras dizem respeito a uma visão entre infinitas possibilidades que se configuram a cada geração, pois somos criadores e criaturas de nossas próprias vidas.